Banheiro Masculino/Feminino

Eu já estava cansada de ficar ouvindo o professor falando no meu ouvido. Já tinha soltado várias bufas e ele sempre percebia, mas continuava com a aula. Peguei minha bolsa no chão e balancei. A ice que eu tinha colocado dentro, ainda estava lá. Peguei escondida e coloquei em baixo do meu casaco junto com o maço de cigarro.
- Preciso sair... Banheiro. - Disse indo para a porta e escutando os resmungos do professor. Revirei os olhos e continuei seguindo até o banheiro que estava vazio. - Aleluia! Pelo amor de Deus... Fala pra carai... - Eu disse e logo acendi meu cigarro dando uma tragada longa. Me olhei no espelho e me lembrei de algumas coisas que meu irmão me dissera. "Louca, bêbada, problemática e idiota", seria mesmo? Balancei minha cabeça tirando as ideias loucas dela quando ouvi alguém entrando. Virei e dei uma golada na ice. A menina entrou, se olhando no espelho e mandando um beijo para o mesmo. Eu revirei os olhos.
- Eai. - Cumprimentei, mas não tinha ideia de quem era. Era uma garota morena, de olhos azuis, um pouco mais alta que eu.
- Nossa... É isso que você faz por aqui? - Ela disse abanando o ar com a mão. Na hora percebi que era uma patricinha idiota. - Pêsames ao seu fígado e pulmão. - Apenas ri e voltei a ficar de frente ao espelho, mas parece que ela odiou que eu a ignorasse. - Ei, to falando com você! Não vire as costas para mim, Vola! É, eu te conheço pelo o que as pessoas falam... - Ela me virou de volta pra ela e fez uma cara de nojo. "Pelo oque as pessoas falam...", continuei olhando ela, dei uma tragada forte no cigarro e joguei a fumaça toda no rosto dela com calma. Quando terminei, sorri.
- Sério? Bom... Seja lá o que falam, parece que você fumou, linda. - Fui um pouco mais próximo enquanto falava e dei o ultimo gole na ice. Quando percebi, a menina estava louca tossindo, parecia que iria me matar.
- Como... Você... Se atreve? Sua imunda. É bem que falam que os Mackenzie são problemáticos... Por que será? Será que os pais não deram educação? - Ok, ela tocou no meu ponto fraco e ainda sorriu falsamente. Eu enlouqueci.
- Vadia. - Disse em um tom alto e fui pra cima dela, peguei seus cabelos e estava puxando com muita força. Ela fez o mesmo, estávamos como duas loucas brigando no banheiro e gritos abafados saiam de nossas bocas. Foi quando a soltei e recebi um tapa no rosto, e eu odiava isso. Joguei ela no chão e comecei a chuta-lá, mas quase errei os chutes, acertei só 5 de 10 que eu tinha chutado. Entre os 5 chutes, falei - Não. Fala. Dos. Meus. Pais. Sua vadia! Quem você pensa que é?! - Ela se levantou e veio pra cima de mim, quando alguém a segurou e depois outra pessoa me segurou. Olhei para trás e sabia quem era. Kenny.
- Vola! Vola, para! Para! - Ele gritou comigo e ai eu o escutei. Eu realmente estava fora de mim.
- Kenny! Ela falou do nossos pais! Essa menina... - Eu dei uma pausa e voltei a falar. - Me tirou do sério... Ela... Ela falou dos nossos pais, Kenny. - Eu disse e me abracei nele. Eu nunca fui de carinho com meu irmão, mas só ele entendia o quanto eu sofria por dento.
- Calma, Vola... Vamos. Eu to aqui... Contigo.
Ele me levou até o pátio do campus, ficou ali comigo, me ofereceu um cigarro e nós fumamos juntos, sem dizer nada. Olhei para o grande relógio que estava na porta e vi que estava na minha hora.
- Tenho que ir. - Disse dando a ultima tragada no cigarro e jogando-o fora. - A gente se fala depois... - Dei um sorriso para ele e ele me retribuiu, limpei meus olhos que estavam borrados de lápis de olho e entrei, novamente para a sala estupida.

Eu estava na sala de aula prestando a atenção no professor. Como as mesas eram em duplas minha dupla era a Erin. Ela sempre foi estudiosa e nos dávamos muito bem. Ele explicava que em breve teríamos uma palestra, em que alguns cientistas nos explicariam sobre elementos químicos e os efeitos que eles causariam caso fossem ingeridos por um humano. Tentei entender mais sobre o que ele dizia, mas meu celular não parava de vibrar. Levantei a mão, interrompendo a aula.

- Professor, posso ir ao banheiro? – eu sorri.
Ele simplesmente assentiu com a cabeça.

O caminho até o banheiro era curto, caminhei tentando retornar para a pessoa que me ligou mas parecia ter sido um trote. Cheguei ate a porta do banheiro empurrando com o cotovelo e guardando o celular no bolso. Me olhei no espelho e assoprei um beijo para minha própria imagem. Uma menina que já estava lá me cumprimentou, eu não daria atenção se não a tivesse visto com um cigarro aceso e uma bebida em sua mão. Logo reconheci de quem se tratava.

- Nossa... É isso que você faz por aqui? – tentei evitar que a fumaça do cigarro atingisse meu rosto. – Meus pêsames ao seu fígado e pulmão. – ela não disse nada, simplesmente me deu as costas e se encarou no espelho.

- Ei, to falando com você! Não vire as costas para mim, Vola! É, eu te conheço pelo o que as pessoas falam... – puxei seu braço tentando vira-la pra mim. Era incrível como ela parecia sem bem mais acabada de perto. Ela se virou soltando toda a fumaça que prendia na boca, bem no meu rosto.

- Sério? Bom... Seja lá o que falam, parece que você fumou, linda. – comecei a tossir e parecia que aquela fumaça tomou conta de todo ar que eu mantinha em meu pulmão. Vadia, queria acabar com o seu próprio pulmão e com o meu também.

- Como... Você... Se atreve? Sua imunda. É bem que falam que os Mackenzie são problemáticos... Por que será? Será que os pais não deram educação? – eu senti uma vontade imensa de cuspir na cara dela. mas logo ela já estava vindo em minha direção e puxando meu cabelo.

MEU CABELO!!!

Também puxei com força seu cabelo. Eu poderia perder naquela briga, mas pelo menos ela ia ficar careca. Ela me soltou e eu dei um tapa em seu rosto. A força foi tanta que meus dedos ficaram marcados em seu rosto. Sua reação foi tão rápida que eu só senti ela me jogar no chão e me chutar. Ela parecia tonta, tentava me chutar e errava apenas chutando o chão.

- Não. Fala. Dos. Meus. Pais. Sua vadia! Quem você pensa que é?! – ela dizia me chutando.

Me levantei e fui para cima dela, puxando seu cabelo com força. Assim que dei uma rasteira e a fiz cair, alguém me tirou de cima dela. Era um professor que ouviu a briga do lado de fora.

- Chega disso, Mikaela. Chega! – ele me segurava firme
- Eu vou acabar com essa nojenta! Filha de uma...- o professor tapou minha boca enquanto um garoto retirava aquela garota do banheiro. Depois de alguns segundos parei de me debater e ele me soltou.

- Fica calma. – ele disse fazendo um gesto com as mãos.
- Eu estou calma. – me voltei para o espelho e vi meu cabelo bagunçado e alguns arranhões pelo meu corpo. Fora a dor em uma de minhas costelas. O professor saiu do banheiro e eu fiquei sozinha. Desembaracei meu cabelo e já estava normal.

- ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – gritei quase que em um rosnado. Aquela garota comprou briga com a pessoa errada.

Sai do banheiro feito um furacão e voltei para a sala. Erin, estranhou meus arranhões mas ficou em silencio. Eu ainda tremia pela adrenalina da briga e senti umas duas vezes meu coração falhar. Tentei prestar atenção na aula e afastar toda a minha vontade de arrancar o fígado daquela garota. Já que ela não cuidava, talvez não precisasse dele.